terça-feira, 6 de outubro de 2009

(...)




X. estacionou.


Acendeu um cigarro e lançou no ar sua fumaça - como se quisesse que, com ela, fosse junto seus sórdidos pensamentos.
Esperou pacientemente - pálido, roupa velha,
alma idem,
de barguilha aberta.


Y. surge no fim do beco escuro,vestido vermelho,
amassado, barato,
espremendo sua medíocre sensualidade num pano vagabundo de brechó.
Olhos baixos reproduzem o reflexo de sua vida.
Cabelo cuspido, ajeitado á força, com um brilho que não ofusca.


Se encontram.
Não se falam.
Nem se olham.
Economizam tempo.
Sussuram,
mordem,
entram um no mundo solitário do outro,
viram nuvem carregada de chuva.



- "São R$ 30,00"
- "Fique com o troco, sei que precisa"


Assim, morre a noite a se divertir,

gargalha desvairadamente,

das nossas mazelas...

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