X. estacionou.
Acendeu um cigarro e lançou no ar sua fumaça - como se quisesse que, com ela, fosse junto seus sórdidos pensamentos.
Esperou pacientemente - pálido, roupa velha,
alma idem,
de barguilha aberta.
Y. surge no fim do beco escuro,vestido vermelho,
amassado, barato,
espremendo sua medíocre sensualidade num pano vagabundo de brechó.
Olhos baixos reproduzem o reflexo de sua vida.
Cabelo cuspido, ajeitado á força, com um brilho que não ofusca.
Se encontram.
Não se falam.
Nem se olham.
Economizam tempo.
Sussuram,
mordem,
entram um no mundo solitário do outro,
viram nuvem carregada de chuva.
- "São R$ 30,00"
- "Fique com o troco, sei que precisa"
Assim, morre a noite a se divertir,
gargalha desvairadamente,
das nossas mazelas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário